quarta-feira, novembro 22, 2006

Cuidado, frágil!



Falar que você está triste não é fácil. É preciso ter cuidado para não parecer piegas nem que você está numa de ficar com pena de si mesma — e no fundo querendo que os outros te achem uma coitadinha. Até porque, para todos os efeitos, eu estou muito bem: acordo geralmente no mesmo horário, pago conta, cuido da casa, converso, rio, trabalho, estudo, faço as seis refeições e até estou conseguindo dormir minhas oito horas diárias. E tudo isso sem recorrer a calmantes, arrebites, laxantes ou qualquer coisa que mexa com a química do corpo. Mas a verdade é que eu sinto como se alguém tivesse me jogado um mau olhado e sugado toda minha energia, uma casca a ponto de arrebentar se pressionarem com um pouco mais de força. Não sei se é essa coisa de aniversário, fim de ano, muitas mudanças de ciclo ao mesmo tempo e o cansaço acumulado desse ano em que aconteceu de um tudo. Mas mesmo tentando manter ao máximo minha rotina, tem horas que não dá. Já fiquei uma manhã inteira perambulando pela casa vazia, com coisas para fazer e simplesmente não tinha ânimo para começar. Sair muitas vezes é um grande sacrifício, principalmente nos horários de sol a pino. Talvez eu seja a única que se sente assim, mas alguém já notou que a claridade excessiva consegue deprimir tanto quanto o cinzento de um dia nublado? O céu fica de um azul doído, a luz quase te cega, o calor te oprime e queima a pele... acho que é por essas que nem mais cogito em ir à praia.

E do que eu sinto falta? Não sei exatamente. Eu sempre tive a impressão de que as pessoas são bem-resolvidas, não sentem tristeza nem medo e só eu que padecia dos males ordinários do mundo. Cólica menstrual? Nem pensar! Mas uma vez eu vi um episódio do Sex and the City em que a Samantha — a mais descolada, independente e bem-resolvida das quatro — pegava uma gripe daquelas e, apesar da agenda recheada de homens bonitos e interessantes, não tinha um pra ajudá-la e recolocar a cortina que havia caído. E justamente a cortina da janela do quarto, que ficava a luz dando bem em cima dela. Por sorte, a Carrie acabou indo socorrê-la e tudo ficou bem. Mesmo estando longe de ser uma pessoa gregária, acho que eu já teria enlouquecido se não pudesse contar com as pessoas queridas que me cercam, que falam como estou bonita, que reparam e elogiam a minha bolsa nova, que me dão conselhos bárbaros, que partilham comidinhas e momentos de “eu mereço!”, que conversam besteiras horas a fio, que dizem que eu estou deliciosamente intratável e que mereço uma surra, que riem das minhas paródias de bandas de forró, etc, etc. Mas acho que não seria de todo mal se as pessoas tivessem um pouco mais de ternura, principalmente aquelas que, teórica e geneticamente, deveriam ser mais próximas de você. Ninguém tem obrigação de ser terno, eu sei, mas não dói, não compromete muito tempo e você até se sente bem depois. Enfim...

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