Hoje de manhã fui assistir ao evento Debates sobre Webjornalismo, no Shopping Benfica. Participaram da discussão os jornalistas Marília Cordeiro (Portal G1/CE e Globo Esporte/CE), Daniel Negreiros (Convergência do Jornal O Estado CE), Felipe Lima (Tribuna do Ceará Online), Inácio Aguiar (Diário Plus) e Souto Paulino (Agência da Boa Notícia), com mediação da professora Mara Cristina.
De forma geral, foi um momento que me suscitou muitas ideias e reflexões — para além da produção de notícias para a internet. E amanhã é Dia do Jornalista, data importante para pensar os limites da tão propalada multifunção, quando a notícia parece mais presa a uma “circulação circular” nas diversas mídias.
O que mais me agradou é que os debatedores não fizeram uma apresentação de cases, muito comum quando se trata de webjornalismo. Sim, eles abordaram o cotidiano e o trabalho nos veículos que coordenam, mas a partir de temas como ética, segmentação, cultura de paz, tecnologia mobile, entre outros.
Na parte das perguntas, questionei os debatedores sobre como se dá a relação de portais noticiosos dentro de conglomerados de comunicação e suas demais mídias. Com exceção da Agência da Boa Notícia, todos os portais representados no debate vivem essa realidade.
A posição de todos os coordenadores de portais foi mostrar as vantagens de se estar associado a uma marca forte e já estabelecida no mercado, bem como de fazer convergir a produção das demais mídias nos portais. Concordo, é ótimo. Mas o que se vê na maioria dos portais cearenses é um espelhamento quase integral dos conteúdos do impresso, da TV ou do rádio. O webjornalista no mais das vezes se dedica a refundir esse material para a linguagem web — não sem alguns ruídos — ou antecipar conteúdos que vão sair no jornal do dia seguinte.
Será por isso que as equipes dos portais no Brasil são tão enxutas (quando as há)?
A internet é um meio fascinante e pleno de potencialidades. Permite a circulação de uma quantidade de informações inimaginável há vinte anos, além de uma frutífera interatividade com os internautas. E muitos hoje se utilizam da rede para funções ativas, como postar fotos, fazer denúncias, interpelar políticos etc. Tanto que blogs e páginas pessoais hoje também são fontes de pauta para os jornalistas.
Infelizmente, as especificidades desse meio ainda são muito mal aproveitadas. Investe-se em tecnologia, usabilidade, layout — mas muitos se esquecem da razão de ser dos portais, que é a informação produzida de acordo com as características da web e as necessidades de seus usuários.
Na faculdade dava-se muito o exemplo da inviabilidade de se ler uma notícia de jornal no rádio, ou de se produzir um texto para TV que não “casasse” com as imagens. Por que, então, replicar o conteúdo do impresso na web? Por que não investir em equipes que façam a sua própria cobertura? Fala-se muito que o jornalista deve aprender a lidar com várias funções, mas ele é efetivamente remunerado por essa característica ou se justifica com um “é a mesma notícia para meios diferentes”?
É uma realidade em que todos perdem, jornalistas, leitores, espectadores, internautas. E as empresas perderão, a médio e longo prazo. O internauta não é bobo. Quando percebe que a notícia do seu portal é a mesma do jornal de papel que saiu cinco horas atrás, ele acaba migrando para um site que, efetivamente, proporcione a experiência visual e noticiosa que é o diferencial do webjornalismo.
Acordemos para a realidade.