sábado, abril 06, 2013

Webjornalismo (ou, "cada um no seu quadrado")

Hoje de manhã fui assistir ao evento Debates sobre Webjornalismo, no Shopping Benfica. Participaram da discussão os jornalistas Marília Cordeiro (Portal G1/CE e Globo Esporte/CE), Daniel Negreiros (Convergência do Jornal O Estado CE), Felipe Lima (Tribuna do Ceará Online), Inácio Aguiar (Diário Plus) e Souto Paulino (Agência da Boa Notícia), com mediação da professora Mara Cristina.

De forma geral, foi um momento que me suscitou muitas ideias e reflexões — para além da produção de notícias para a internet. E amanhã é Dia do Jornalista, data importante para pensar os limites da tão propalada multifunção, quando a notícia parece mais presa a uma “circulação circular” nas diversas mídias.

O que mais me agradou é que os debatedores não fizeram uma apresentação de cases, muito comum quando se trata de webjornalismo. Sim, eles abordaram o cotidiano e o trabalho nos veículos que coordenam, mas a partir de temas como ética, segmentação, cultura de paz, tecnologia mobile, entre outros.

Na parte das perguntas, questionei os debatedores sobre como se dá a relação de portais noticiosos dentro de conglomerados de comunicação e suas demais mídias. Com exceção da Agência da Boa Notícia, todos os portais representados no debate vivem essa realidade.

A posição de todos os coordenadores de portais foi mostrar as vantagens de se estar associado a uma marca forte e já estabelecida no mercado, bem como de fazer convergir a produção das demais mídias nos portais. Concordo, é ótimo. Mas o que se vê na maioria dos portais cearenses é um espelhamento quase integral dos conteúdos do impresso, da TV ou do rádio. O webjornalista no mais das vezes se dedica a refundir esse material para a linguagem web — não sem alguns ruídos — ou antecipar conteúdos que vão sair no jornal do dia seguinte.

Será por isso que as equipes dos portais no Brasil são tão enxutas (quando as há)?

A internet é um meio fascinante e pleno de potencialidades. Permite a circulação de uma quantidade de informações inimaginável há vinte anos, além de uma frutífera interatividade com os internautas. E muitos hoje se utilizam da rede para funções ativas, como postar fotos, fazer denúncias, interpelar políticos etc. Tanto que blogs e páginas pessoais hoje também são fontes de pauta para os jornalistas.

Infelizmente, as especificidades desse meio ainda são muito mal aproveitadas. Investe-se em tecnologia, usabilidade, layout — mas muitos se esquecem da razão de ser dos portais, que é a informação produzida de acordo com as características da web e as necessidades de seus usuários.

Na faculdade dava-se muito o exemplo da inviabilidade de se ler uma notícia de jornal no rádio, ou de se produzir um texto para TV que não “casasse” com as imagens. Por que, então, replicar o conteúdo do impresso na web? Por que não investir em equipes que façam a sua própria cobertura? Fala-se muito que o jornalista deve aprender a lidar com várias funções, mas ele é efetivamente remunerado por essa característica ou se justifica com um “é a mesma notícia para meios diferentes”?

É uma realidade em que todos perdem, jornalistas, leitores, espectadores, internautas. E as empresas perderão, a médio e longo prazo. O internauta não é bobo. Quando percebe que a notícia do seu portal é a mesma do jornal de papel que saiu cinco horas atrás, ele acaba migrando para um site que, efetivamente, proporcione a experiência visual e noticiosa que é o diferencial do webjornalismo.


Acordemos para a realidade.

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